segunda-feira, 5 de março de 2012

Sobre Voar

Fechou os olhos. Serrou os dentes. Respirou fundo. Escutou sua alma. Ouviu silêncio. Abriu os olhos. Viu o chão.

domingo, 4 de março de 2012

Quando não é amor

'Ele sentia a os dedos dela percorrendo a sua coluna, e sua pele se arrepiava a cada toque. Como era mesmo o nome daquele músculo? O que deixa a pele arrepiada. Não conseguia lembrar, só conseguia lembrar dos dedos. Ela fazia isso todo dia, e todo dia parecia a primeira vez. Apertou-a contra seu peito, sentiu o cheiro do seu cabelo. Ela beijou sua clavícula. Ah. Sorriu. Ah. Disse tchau. Levantou. Foi embora. Ah. De novo.'

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Distante

'Cada pedaço de seu corpo reclamava pela saudade. Seu rosto não conseguia sorrir, suas mãos não queriam mais realizar poucas tarefas, suas pernas não queriam andar. Seu coração apertado palpitava. Ela lembrava de seus gestos e sua alma sorria. Ouvia seu riso e com ele ria. Olhava pro lado e não o via. Fechou os olhos, se fechou. Se escondeu. Quando voltou, ele apareceu. Para logo ir embora e deixar o corpo dela reclamando de saudade de novo.'

Tardio

'Ele me intrigava. Estava sempre ali mas eu não o conhecia. Olhava em seus olhos e não sabia o que olhar. Ele falava, eu ouvia, respondia. Tão vazio que nem valia a pena me preocupar. Eu sabia que em algum lugar ele era incrível, mas não comigo. Comigo ele era apenas interessante. Sem conversas pessoais, sem falar do passado, sem pensar no futuro. Eu não dava nada à ele, ele me dava sorrisos. E quando ele sorria tudo estava certo. Eu não era interessante pra ele como ele era pra mim, era apenas mais uma que ele fazia sorrir. Decidiu se afastar, decidiu que tinha enjoado, decidiu que não fazia diferença. Até notar que ele fazia toda a diferença.'

Fim

'Ela ainda sentia o abraço, ainda ouvia a risada, ainda via o sorriso. Seu cheiro pairava no ar. Mas ela sabia que ele não voltaria, não agora. Nunca. O sorriso fora apagado em um segundo e nunca mais voltaria a brilhar. O estalo durou pouco, mas a dor foi eterna.'

Imobilidade

'Ela sabia o que ia acontecer e mesmo assim não se mexeu. Não ousava fazê-lo. Não queria, mas não podia lutar. Fechou os olhos e esperou, com a pele toda arrepiada, esperou pelo toque, esperou pelo abraço, esperou pelo beijo. Podia sentir o nervosismo, podia sentir toda vez que engolia a seco, podia sentir o ar parado esperando acontecer. E antes que percebesse todo o ar à sua volta ganhou vida e foi sugado pra dentro de si. Sua alma vibrou e seu coração se arrepiou. Arfou algumas vezes e se entregou.'

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Espera

Sentada na frente de casa ela via a vida passando. Era julho, dia 27, a exatos 12 anos seu marido morrerá, e desde então ela passava seus dias esperando pra se juntar a ele. Quem sabe hoje era o dia. Fechou os olhos, se encostou na cadeira, respirou fundo e relembrou o dia em que o conheceu, o dia em que se casou, dos filhos que não tiveram, e dos sonhos que não realizaram. Esperou a morte, rezou por ela. Quando não sentiu mais o vento abriu os olhos. Bosta, ainda estava viva. Quem sabe amanhã.